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QB88 Entendendo o Oriente Médio (Parte 3)

Nesta série até agora, “Entendendo o Oriente Médio” (QB84 e QB85), destaquei a natureza da batalha espiritual que preside os eventos que se desenrolam no Oriente Médio. Uma complexa tapeçaria de fios proféticos e geopolíticos está sendo tecida tanto no reino visível quanto no invisível. A reconciliação entre os antigos oráculos das escrituras e os eventos mundiais atuais está se tornando cada vez mais clara, com qualquer nebulosidade sobre a narrativa escatológica se dissipando como a névoa matinal queimada pelo sol nascente. Um resultado específico o aguarda – o culminar de tudo o que aconteceu antes, convergindo para uma conclusão final. O Oriente Médio, com Jerusalém como o prêmio final, é a arena onde esse fim de jogo está se desenrolando.

Mesmo uma leitura casual dos ensinamentos de Jesus sobre o fim dos tempos e as cartas dos apóstolos não deixa dúvidas: há problemas pela frente. O apóstolo João, encarregado de registrar o Apocalipse, revela que as coisas vão piorar muito antes do triunfo final do bem sobre o mal. Quando o Senhor Jesus Cristo retornar na plenitude de Sua majestade, poder e autoridade, Ele completará Sua comissão messiânica, trazendo salvação a todos aqueles que estão prontos e aguardam Seu glorioso retorno. Esta é a esperança eterna para a qual todos fomos convidados – não no que é agora, mas no que será o resultado final. Não importa o sofrimento desta vida, uma glória aguarda aqueles que colocaram sua fé em Jesus Cristo que supera em muito as provações temporais que enfrentamos.

A disputa pela terra

Um dos fios centrais dessa tapeçaria é a disputa pela terra, onde as reivindicações históricas deixam pouco espaço para a harmonia e os direitos geopolíticos e religiosos se confundem. Consequentemente, o mundo parece mais polarizado agora do que nunca em relação a Israel e à Palestina, com uma solução duradoura além das aspirações da maioria. Meu objetivo nesta série não é defender um lado contra o outro. Não quero ser contencioso ou polarizar ainda mais a opinião – longe disso! Em vez disso, é dar um passo para trás do labirinto da opinião da mídia social e das reportagens geopolíticas e examinar seriamente as escrituras em busca de sabedoria e compreensão para discernir os eventos mundiais com uma bússola calibrada para a Palavra de Deus, em vez de qualquer outra agenda ou preconceito. Antes de nos alinharmos com a perspectiva israelense ou palestina, devemos garantir que tenhamos uma visão bíblica abrangente, uma lente através da qual possamos identificar alguns princípios robustos que podem ajudar a formular uma perspectiva mais clara e processar o pensamento e a opinião. Dessa forma, evitamos ser recrutados involuntariamente para uma campanha que pode alimentar os esquemas sediciosos de Satanás.

Condições bíblicas para a restauração

Anteriormente, destaquei como existem condições específicas e um cronograma indicando por que e quando o Senhor cumprirá Sua promessa de trazer Israel de volta de onde ela havia sido espalhada entre as nações. Vimos em Deuteronômio 30:1-6 que um pré-requisito para ativar a promessa de Deus de seu retorno era um retorno prévio de seus corações a Ele, obedecendo à Sua voz de acordo com tudo o que Ele lhes havia ordenado. O ônus recai sobre Israel para retornar de coração e alma ao Senhor e Seus mandamentos, porque a promessa do Senhor de restaurar Israel à sua terra natal depende desse critério.

Desenvolvendo ainda mais esse conceito de restauração, estamos familiarizados com 2 Crônicas 7:14, que diz: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”. Este versículo amado é usado em muitos contextos, mas essencialmente faz a conexão de que o perdão dos pecados e a cura da terra estão condicionados ao coração das pessoas, demonstrado por meio de seu arrependimento e humildade em buscar o Senhor. Conectando essas duas passagens, observamos que:

A restauração não é uma obra do homem, mas de Deus, e requer a penitência de uma nação para obter Sua misericórdia e evitar o julgamento.

Israel cumpriu essas condições?

Surge naturalmente a questão de saber se essa condição de humildade e arrependimento foi atendida, total ou parcialmente. Embora possa haver algum debate sobre esse ponto, o que podemos ter certeza, no entanto, é que ainda está o dia em que Israel aceitará Jesus como seu Messias (Lucas 13:35). Pois, como Paulo escreve,

“(25) Para que não sejais sábios aos vossos próprios olhos, não quero, irmãos, que ignoreis este mistério: um endurecimento parcial veio sobre Israel, até que a plenitude dos gentios tenha entrado. (26) E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: ‘O Libertador virá de Sião, ele banirá a impiedade de Jacó’; (27) ‘E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados.'” – Romanos 11:25-27

Esses versículos e outros demonstram que, como nação, Israel ainda não reconheceu Jesus como seu Messias. Aguarda o dia em que o Senhor derramará sobre a casa de Davi e os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e súplicas por misericórdia, para que, quando olharem para Aquele a quem traspassaram, chorem por Ele, como quem chora por um filho único, e chore amargamente por Ele, como se chora por um primogênito (Zacarias 12:10

).

A Cura da Terra

Vamos parar e pensar por um momento. Se a cura da terra é um ato de Deus em resposta ao arrependimento de um povo, mas a base para perdoar pecados não é mais através do sangue de touros ou bodes (Hebreus 10:1-4), mas através do sacrifício expiatório de Jesus (Hebreus 9:12-14), então até que Israel aceite seu Messias, isso levanta a questão: como sua terra pode ser curada? Além disso, se as escrituras indicam que a salvação de Israel aguarda o Dia do Senhor, isso significa que sua terra permanecerá sob disputa até que Jesus volte? Eu acredito que sim. Estamos, portanto, sem esperança de paz no Médio Oriente? De modo algum. De fato, devemos orar pela paz de Jerusalém (Salmo 122:6-9). Em última análise, a resposta a essas orações só pode ser encontrada naquele que é o Príncipe da Paz (Isaías 9:6). Mas a paz vem de muitas formas e é alcançável em algum nível quando há vontade de buscá-la de todos os lados.

Conclusão e olhando para o futuro

Em resumo, desenvolvi o conceito de que a restauração da terra só é possível por meio da restauração do relacionamento entre Israel e Deus, e a base desse relacionamento é por meio de Seu Filho, seu Messias, Jesus Cristo. O princípio aqui é simples: primeiro relacionamento, depois restauração. Isso se aplica tanto em nível individual quanto corporativo. Por meio de um relacionamento pessoal com Jesus como Senhor e Salvador, nossas vidas são restauradas da escravidão à filiação, das trevas à luz, da morte à vida. Em um nível corporativo, uma nação também tem um relacionamento com Deus. Ele permanece soberano sobre todas as nações e responsabiliza cada uma (Atos 17:26-31). Aqui está o que Jeremias registrou sobre o relacionamento de Deus com as nações:

“Se a qualquer momento eu anunciar que uma nação ou reino será desarraigado, derrubado e destruído, e se essa nação que avisei se arrepender de sua maldade, então me arrependerei e não infligirei a ela o desastre que planejei. E se em outro momento eu anunciar que uma nação ou reino deve ser edificado e plantado, e se fizer o que é mau aos meus olhos e não me obedecer, então reconsiderarei o bem que pretendia fazer por ele.” – Jeremias 18:7-10

Tudo o que Deus faz é superado por meio dos protocolos legais de retidão e justiça. Ele é um Deus que faz e guarda convênios. Quando Deus libertou Israel do Egito, Ele entrou em um contrato de casamento com ela no Monte Sinai. A Aliança Mosaica formalizou a base de seu relacionamento e incluiu condições para a ocupação da terra prometida a Abraão. Além disso, incorporou promessas de restauração e retorno à sua terra natal caso fossem desapossados devido a qualquer falha no cumprimento de suas obrigações pactuadas.

A realização das promessas de Deus depende da aliança em que essas promessas são feitas.

Da próxima vez, exploraremos mais a fundo as implicações da Antiga e da Nova Aliança no que diz respeito diretamente às hostilidades tumultuadas em Israel e na Palestina. Isso porque a intrincada dinâmica do conflito no Oriente Médio está profundamente entrelaçada com temas proféticos e pactuais enraizados nas Escrituras. A promessa de terra e restauração está diretamente ligada ao retorno espiritual de Israel a Deus e à aceitação de Jesus como o Messias. Embora o cenário geopolítico atual esteja repleto de tensão e complexidade, a narrativa bíblica oferece uma perspectiva esperançosa. A restauração e a paz são encontradas no cumprimento das promessas de Deus, centradas em um relacionamento com Ele por meio de Jesus Cristo. À medida que nos envolvemos com essas questões profundas, permaneçamos guiados pelas Escrituras, buscando entender as verdades espirituais mais profundas que informam nossa perspectiva e ações. No final, a paz verdadeira e duradoura para a região e para o mundo virá através da realização do plano redentor de Deus, que supera todos os conflitos e divisões humanas.