
O debate em torno do momento do arrebatamento tem sido divisivo e de longa data. Ao longo dos anos, parece que a igreja permaneceu polarizada sobre essa questão, com os proponentes de um arrebatamento pré-tribulação, na minha experiência, muitas vezes mantendo uma postura particularmente agressiva. É compreensível, realmente. Diante da perspectiva assustadora das tribulações profetizadas nas escrituras, é reconfortante entreter a noção de que Deus, em Seu amor, pouparia Seus fiéis de tal perseguição e problemas. Essa perspectiva, defendendo a remoção da igreja da terra antes do início da grande tribulação, encontra apoio de vozes influentes com alcance global, impactando milhões. No entanto, ao ouvir esses professores populares, muitas vezes me surpreendi com a retórica que às vezes se desvia do que a Bíblia realmente ensina – e do que não ensina. Por exemplo, quantas vezes ouvimos “o leão se deitará com o cordeiro”, como uma anedota para o reinado milenar? Eu tenho, e muitas vezes ao defender um arrebatamento pré-tribulação. É uma imagem pitoresca, evocando uma sensação de harmonia e paz. Mas aqui está o problema: a Bíblia não diz isso. Pode ser uma surpresa, mas se você examinar por si mesmo, não encontrará tal versículo. A semelhança mais próxima com essa imagem é encontrada na profecia de Isaías:
“O lobo também habitará com o cordeiro, o leopardo se deitará com o cabrito, o bezerro e o leão novo e o cevado juntos; E uma criança os guiará. A vaca e o urso pastarão; Seus filhos se deitarão juntos; E o leão comerá palha como o boi.” – Isaías 11:6-7 (NKJV)
Embora seja tentador presumir que o sentimento do leão deitado com o cordeiro possa ser inferido a partir das imagens de Isaías, continua sendo apenas isso – uma presunção. É fácil ler inadvertidamente no texto algo que não é explicitamente declarado. Mas por que isso importa? Porque quando lidamos com assuntos importantes como o momento do arrebatamento, é imperativo abordá-los com discernimento e clareza, evitando as armadilhas da retórica e da opinião popular. Permita-me transmitir minha sincera intenção aqui. Eu respeito e honro profundamente a liberdade que cada um de nós possui para formar nossas próprias crenças e opiniões, incluindo aquelas relativas ao arrebatamento. Meu objetivo não é alienar ou semear discórdia dentro do corpo de Cristo. Pelo contrário, sou movido por um desejo de prontidão e um chamado para abraçar nosso papel como Noiva, incorporando o espírito de Elias enquanto preparamos o caminho para o retorno do Senhor até o Dia de Sua gloriosa aparição.
O discurso em torno do arrebatamento tornou-se confuso e carregado de conjecturas, desviando-se às vezes do fundamento do apoio bíblico. Com sua permissão, proponho que empunhamos a Palavra como uma espada, cortando a névoa para examinar a perspectiva do apóstolo Paulo. Afinal, foi Paulo quem articulou o conceito de arrebatamento em sua carta aos tessalonicenses. Vamos nos aprofundar em suas palavras:
“(15) Por isso vos dizemos pela palavra do Senhor, que nós, os que ficarmos vivos até a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. (16) Pois o próprio Senhor descerá do céu com alarido, voz de arcanjo e trombeta de Deus. E os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. (17) Então, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares. E assim estaremos sempre com o Senhor. (18) Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.” – 1Tessalonicenses 4:15-18
Esses versículos deixam pouco espaço para ambigüidade. Paulo afirma explicitamente que o arrebatamento, referido como ser “arrebatado”, coincidirá com a ressurreição. Ele enfatiza que os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, seguidos pelos que estão vivos, que serão arrebatados junto com eles para encontrar o Senhor nos ares. Agora, embora possa haver muita especulação sobre quando será o arrebatamento, muito menos a ressurreição. Uma vez que o arrebatamento e a ressurreição são simultâneos, saber o momento da ressurreição nos garante quando será o arrebatamento e, portanto, perguntar se o arrebatamento ocorre antes da grande tribulação é semelhante a perguntar se há uma ressurreição antes desse tempo problemático também. Nesta conjuntura, alguns sugerem uma ressurreição ocorrendo antes da grande tribulação, mas essa visão carece de apoio bíblico.
Em vez de nos aprofundarmos em interpretações especulativas aqui, uma vez que Paulo é quem introduziu o arrebatamento, vamos nos concentrar em suas crenças sobre a ressurreição, e não em nossa conjectura. Felizmente, as escrituras fornecem uma bela visão da posição de Paulo sobre a ressurreição. Na verdade, foi essa mesma crença na ressurreição, pela qual ele foi preso e interrogado diante de uma hierarquia de governantes. Vejamos o que o apóstolo Paulo afirmou ao dar sua defesa perante o governador Félix.
“(14) Mas confesso-vos isto: que, segundo o Caminho, que eles chamam de seita, adoro o Deus de nossos pais, crendo em tudo o que está estabelecido pela Lei e escrito nos Profetas, (15) tendo esperança em Deus, que estes mesmos homens aceitam, de que haverá ressurreição tanto de justos como de injustos.” – Atos 24:14-15
Neste momento crucial de defender suas crenças diante de Félix, Paulo afirma firmemente sua crença na ressurreição, enfatizando sua lealdade a “tudo o que está estabelecido pela Lei e escrito nos Profetas”. Ao invocar a autoridade da Lei e dos Profetas, Paulo se alinha com a totalidade das escrituras do Antigo Testamento, incluindo suas profecias sobre a ressurreição. Isso ressalta a conexão direta entre os escritos proféticos e o momento do arrebatamento, pois eles estão inerentemente entrelaçados. Para ser claro neste ponto, vou conectar os pontos aqui da seguinte forma:
Saber o momento do arrebatamento é uma questão de saber o tempo da ressurreição, conforme predito pelos profetas do “Antigo Testamento”.
Nessa busca por clareza, vamos nos voltar para as vozes de Isaías e Daniel, que não apenas falaram da ressurreição, mas também forneceram insights sobre seu tempo. Lembre-se, isso é precisamente o que Paulo defendeu apaixonadamente – abraçar “tudo” que os profetas registraram.
“(19) Seus mortos viverão; [Junto com] meu cadáver eles se levantarão. Desperta e canta, tu que habitas no pó; Porque o teu orvalho é como o orvalho das ervas, e a terra lançará fora os mortos. (20) Venha, povo meu, entre em seus aposentos e feche suas portas atrás de você; Esconda-se, por assim dizer, por um momento, Até que a indignação passe. (21) Pois eis que o Senhor sai do seu lugar para castigar os habitantes da terra por sua iniqüidade; A terra também revelará o seu sangue, e não mais cobrirá os seus mortos.” – Isaías 26:19-21
Esta passagem ressoa com a promessa de ressurreição, pois a terra é retratada expulsando os mortos. A imagem de entrar nas câmaras e se esconder até que a ira do Senhor passe sugere um período de tribulação que precede o julgamento final. Embora possa haver alguma ambigüidade em relação à sequência precisa de eventos, a essência da ressurreição entrelaçada com a tribulação é evidente. O apóstolo Paulo, sendo bem versado nas Escrituras, sem dúvida estaria familiarizado com esses versículos e suas implicações. Apesar das nuances potenciais na sequência de ressurreição e tribulação aqui, Daniel fornece uma perspectiva mais clara.
“(1) “Naquele tempo, Miguel se levantará, o grande príncipe que vigia os filhos de seu povo; E haverá um tempo de angústia, como nunca houve, desde que houve nação, até aquele tempo. E naquele tempo o teu povo será libertado, todo aquele que for achado inscrito no livro. (2) E muitos dos que dormem no pó da terra despertarão, alguns para a vida eterna, outros para vergonha [e] desprezo eterno. … (7) Então ouvi o homem vestido de linho, que estava acima das águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda para o céu, e jurou por Aquele que vive para sempre, que [será] por um tempo, tempos e metade [de um tempo]; e quando o poder do povo santo for completamente destruído, todas essas [coisas] serão cumpridas.” – Dn 12:1-2, 7
Aqui, a sequência de ressurreição e tribulação (conhecida como tribulação de Jacó) é clara. A ressurreição dos justos e injustos vem depois de três anos e meio (tempo, tempos e metade de um tempo). Jesus também ensinou sobre essa colheita do fim dos tempos em Sua parábola da rede de arrasto Mateus 13:47-50, uma reunião de justos e injustos no final dos tempos.
Portanto, se a ressurreição vem depois da tribulação, então o arrebatamento também deve acontecer.
Na minha opinião, essa interpretação oferece a leitura mais simples da narrativa bíblica, desprovida de qualquer necessidade de conexões bíblicas forçadas ou preconceitos pessoais, e permite que as escrituras falem por si mesmas.
Em conclusão, a perspectiva do apóstolo Paulo sobre o arrebatamento, intrinsecamente entrelaçada com suas crenças na ressurreição, oferece insights profundos para os crentes que navegam pelas complexidades da teologia do fim dos tempos e pelo desdobramento da profecia em tempo real. Se aderirmos ao ensino de Paulo sobre o arrebatamento, devemos também aderir à sua crença apaixonada sobre a ressurreição, que ele tão veementemente conectou com tudo o que os Profetas haviam escrito. Ao fundamentar nosso entendimento nos ensinamentos de Paulo e alinhá-los com as profecias do Antigo Testamento, ganhamos clareza sobre o tempo e o significado desses eventos escatológicos e uma base sólida sobre a qual podemos nos apoiar. Ao atendermos ao chamado de Paulo para abraçar a totalidade das escrituras, incluindo a Lei e os Profetas, encontramos segurança na mensagem consistente do plano redentor de Deus que se desenrola através das gerações e um plano para seguirmos.
Não estamos sem causa. Há preparativos essenciais a serem feitos, não apenas pessoalmente, mas também em parceria com o Céu e na luta pelas nações.
No mundo de hoje, com toda a tragédia e tristeza que testemunhamos se desenrolar diariamente, estejamos também confiantes de que fomos chamados para um momento como este. Que possamos abordar esses assuntos com humildade, discernimento e um compromisso inabalável com a verdade, antecipando ansiosamente a bendita esperança do retorno de Cristo e nossa união eterna com Ele.